Volta ao Trabalho: Superando a Culpa

29/07/2015 19:34

Superando a culpa na volta ao trabalho após a licença maternidade

Lembro bem do dia que sai de casa para trabalhar naquele início de tarde. Sai disfarçando, com aquele sorriso amarelo de que está tudo bem. Quando a porta do elevador fechou a primeira lágrima escorreu... Entrei no carro em prantos!

Pensando num misto de culpa, alegria e tristeza:

“Por que precisa ser assim?”

“Será que todas as mães do mundo são tão dramáticas quanto eu??”

“Deixei meus filhos com a babá!!”

 “Que tipo de mãe eu sou?”

“Vai ser bom sair um pouco de casa e fazer outra coisa que não seja trocar fraldas!”

Após 5 minutos de uma quase histeria, reuni uma força incrível que sempre me “vem” em momentos difíceis e liguei o carro. Enxuguei as lágrimas e fui. No caminho, coloquei um CD do Radiohead para me sentir pior (claro!) e tentei pensar que seria bom para todos nós. Passei maquiagem  no caminho para não me senti tão ET e aos poucos aquela sensação ruim foi passando. 

Ao chegar lá liguei e vi que tudo em casa estava bem. Ouvi a risada dos dois brincando à distância e aquilo acalmou meu coração. Eles estavam bem. Eles iam sentir minha falta. Eles iam sorrir para mim quando chegasse em casa. Deixei os meus bebês com 5 meses em casa e fui fazer o que eu mais amava no mundo antes deles nascerem: cuidar dos bebês das outras pessoas e pensei que ali também eu podia fazer a diferença. 

A tarde passou, as tardes passaram rápido... Eles foram crescendo na velocidade que a minha culpa foi se dissipando  e ficando confortável. Porque ela não me abandona. E não abandona nenhuma mãe que tem que trabalhar ou se ausentar para ir fazer uma unha (quem nunca?). Pensei em como era mais fácil antigamente... Será? Que não havia tantos julgamentos sobre quando você decide voltar ao trabalho na boa ou decide parar ou continuar sem trabalhar após os filhos. É quase que um mistério tentar pensar numa fórmula mágica para nos deixar mais confortáveis com nossas escolhas. 

Mas a culpa materna, essa é pesada, essa é “freudiana”, essa é cruel... Principalmente hoje com tantas mães “modelos/maravilhosas/magras/perfeitas/bemresolvidas” que estão por ai dizendo isto ou aquilo para todo mundo ler ou ouvi. Decidi seguir meus instintos, decidi ser eu, decidi sair de casa e cuidar dos filhos dos outros para cuidar de mim também. Para me ensinar mais a sempre seguir meu próprio instinto materno que disse: “Vai!”. E eu fui... 

Ter tempo e qualidade de tempo (isso existe?), pra mim é só tempo... agora é o novo desafio. Eles são nossa vida, mas também temos uma vida própria que necessita de cuidados, desafios, de fôlego e de oxigênio.  Hoje sou uma mãe que trabalha feliz. Meus filhos tem orgulho de mim no alto dos seus 1 ano de idade... tenho certeza!

Rafaella, mãe dos gêmeos Bárbara e Rafael, 1 ano