(Por Clarice Alimari)
Neste texto iremos abordar as relações entre a psicomotricidade e o processo de aquisição da escrita. Vamos conversar sobre as habilidades motoras desenvolvidas durante a Educação Infantil e como estas irão colaborar para que o ato da escrita seja um momento prazeroso para as crianças.
O processo de alfabetização se faz presente na vida escolar, porém esta não é uma tarefa que se resume apenas ao âmbito da escola, ela também permeia o universo social em que a criança está inserida.
O adulto poderá convidar a criança para participar de ações que envolvam o processo da escrita, tornando-se um facilitador para a construção deste conhecimento. A criança poderá participar da elaboração de uma lista de supermercado, consultar um livro de receitas e entrar em contato com situações reais de escrita. Neste caso, o adulto irá fornecer informações para que a criança possa identificar os produtos a partir dos indícios da palavra escrita. Assim a criança começa a perceber signos, logomarcas e rótulos comerciais; vai gradativamente percebendo a diferença entre o desenho e a escrita, ampliando seus conhecimentos e construindo hipóteses.
E como a Psicomotricidade irá contribuir neste contexto? A escrita, como qualquer outra habilidade, é também fruto de um processo de aprendizado. Para se especializar em algo é necessário um período de prática e treino e neste percurso existe um corpo que precisa estar enriquecido de experiências motoras, para que tais habilidades se desenvolvam. O trabalho com as praxias globais e finas fazem parte das bases psicomotoras e são necessários para o desenvolvimento do grafismo (escrita).
As praxias referem-se à coordenação voluntária de um movimento orientado para um fim. É desta ação pensada e autorregulada que a criança precisa para promover seu potencial de aprendizagem futura.
Reconhecer o seu corpo e percebê-lo no espaço é fundamental para que a criança possa evoluir nas atividades globais e paralelamente desenvolver a praxia fina (pegada de pinça) utilizada para escrever.
Muitas vezes observamos que as crianças sentem dificuldades para pegar no lápis, colocam muita ou pouca força no papel na hora de escrever, não percebem o espaço da folha e acabam se desinteressando pela alfabetização, acreditando que o ato de escrever não é algo prazeroso.
Alguns exercícios psicomotores podem contribuir para que esta tarefa seja significativa e desperte o desejo pela escrita, pois a criança terá desenvolvido as habilidades motoras necessárias para escrever e a transição da letra bastão para a letra cursiva que é um grande desafio para a criança poderá acontecer de maneira harmoniosa.
As atividades de modelagem, recorte com as mãos, rasgar papeis, amassar papeis, alinhavos, perfuração, transportar pequenos objetos com os dedos e confeccionar pulseiras com miçangas são algumas das propostas que podemos realizar com as crianças para que o dinamismo manual seja trabalhado.
Estas dicas podem ser realizadas de maneira lúdica para envolver a criança na proposta e assim se alcançar o objetivo primordial que é a escrita harmoniosa.
Cabe ressaltar que crianças com dificuldades de aprendizagem precisam de um olhar atento e de um profissional para que as intervenções sejam direcionas para a dificuldade da criança.
Clarice é psicóloga, especialista em psicomotricidade, na Clínica PIK.